sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Paredes Vazias


E fico aqui olhando estas paredes vazias que me aprisionam o corpo, mas que ainda assim não me podem agrilhoar a mente, com a qual resisto às investidas da insanidade.
Cada dia que passa a vitória nesta luta titânica assemelha-se cada vez mais a uma quimera inconcebível, mas ainda assim recuso-me a desistir, e tento apenas libertar-me dos meus medos que me enfraquecem neste conflito visceral.
Dentro de cada um de nós jaz um guerreiro, pode apenas estar adormecido, basta não cruzarmos os braços e desistir à primeira adversidade que ele despertará.
Continuo a contemplar estas paredes vazias, despidas de qualquer conteúdo, observo neste momento a projecção da minha sombra sobre as mesmas, chego a receá-la às vezes de embrenhado na solidão que estou, a sua presença aqui desperta o meu lado obscuro e por momentos cesso a luta que travo, as trevas apoderam-se da minha mente e sinto as forças esvaírem-se, num último rasgo de consciência percorro mentalmente todo o caminho que me trouxe a este beco sem saída e qual fénix renascida, concentro novamente as minhas forças para pelo menos prolongar a minha existência.
Durante esta batalha interior sinto-me reanimado e neste momento já nada me faz temer, independentemente do desfecho sei que fui aos meus limites, sei que dei tudo e enquanto me aguentar de pé, enquanto não cair de joelhos vou respeitar a velha máxima "mais vale quebrar que torcer".
Silêncio...Tudo repousa agora. Calmamente, limpo as marcas da batalha travada, tenho cicatrizes mentais, provavelmente nunca mais as vou curar, e afligem-me bem mais que as cicatrizes que me sulcam a pele...
Ainda assim valeu a pena todo esforço e consigo neste momento atravessar as paredes vazias que me sitiavam, sigo descobrindo o Mundo que me fora vedado.
E tenho agora por companheira a sombra que quase me fez renunciar à luta, mas que agora segue a meu lado e me lembra pura e simplesmente que o sol ilumina o meu caminho.

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